Quando Atairu Altavila completa dezoito anos o fazendeiro Jurandir conta-lhe a saga do karay Kuntury, um xamã descendente de aymarás, quíchuas e incas dos Andes que conduz uma tribo nheengaíba através da densa floresta amazônica em direção a Marinatambal, atual Ilha de Marajó, que de acordo com lendas e tradições andinas abriga Aztlan’itá (Atlântida), a cidade de granito resplandecente, por isso também conhecida por Eldorado, que teria sido criada pelo enviado de Tupã a quem os tupis-guaranis chamam de Guaraci ; os Incas de Viracocha, Apu Kun Tqsi Wiraqutra ou ainda Inti Raimi, Inti Nhamandu, o deus Sol; os Maias de Gogomataz-Tepeu e os habitantes do antigo alto Egito, de Ra – dentre alguns dos nomes dados ao Deus Sol através das eras, apelidado por ele de Gigante dos Andes. Guiados pelo karay, após várias gerações fugindo de Tau, o deus do Mal, todos se esqueceram do passado glorioso de seus ancestrais e agora apenas podem se fiar nas palavras do iniciado que descende de homens íntegros preparados no começo das eras diretamente pelo Gigante dos Andes, o criador da Civilização do Sol, a qual existiu antes da Civilização de Caral e trouxe prosperidade e paz por milênios à Terra. Guaraci sempre volta à Terra para continuar a preparar os habitantes de bagual, o mundo subterrâneo ou material onde dominam a Eçaraia e a Potoca, para que se tornem Humanos após cultivarem atributos superiores destinados a eles por Tupã quando da Criação do Universo. No entanto Tau comanda exércitos formados por comodistas, ignorantes, hipócritas, néscios e egoístas que querem esses atributos sem merecer e perseguem quem se inicia nos profundos conhecimentos trazidos por Guaraci, levados por vaidade, ambição e ânsia de poder. Procuram impedir que os ensinamentos do Criador da Civilização Solar sejam conhecidos e cultivados, porque quem os incorpora em sua vida descobre o Mal e pode revelar suas farsas e artimanhas. Perseguidos, os iniciados se refugiam em regiões remotas. Após tantas gerações fugindo, quase todos desprezam o karay, já velho e cansado, o qual procura entre vainás, os adolescentes, um sucessor, antes que Batarra, o líder dos guerreiros, símbolo do materialismo, o mate para assumir o controle de seu povo. Apenas Apeiaramirim aparenta ter tais condições, mas ambos são mortos traiçoreiramente por Batarra, símbolo da Eçaraia e da Potoca que dominam o mundo material. Quando o fazendeiro Jurandir termina a narrativa se dá o encontro dos espíritos de pai e filho com a herança deixada pelos iniciados amiipaguanas (ancestrais), algo bem mais valioso que todos os tesouros que poderiam imaginar.