O Eu de Nós
Marilina Baccarat de Almeida Leão
Às vezes, a mente reescreve as memórias, numa tentativa de fazê-las mais próximas dos sentimentos, que carregamos, dentro do nosso "Eu". Logo, vemo-nos com lembrançcas imaginadas por nossa mente e as verdadeiras são relegadas a um espaço vazio, onde há só sombra. É desta forma que, muitas vezes, o nosso "Eu" sobrevive às saudades, aos medos e muitos outros sentimentos, que habitam entre nós. Todo o mecanismo do noso corpo diz isso. Somos feitos para fugir, para atacar, para amar. Para tentar sobreviver a qualquer custo. Somos criaturas, relativamente simples, conhecemos o mais profundo do nosso "Eu", seus possíveis riscos e, nesse fundo insondável, mudamos nossas realçoes. O nosso "Eu" nos presenteia com a intuição daquilo que tem o poder de quebrar os grilhões de sentimentos torpes que moram em nosso "Eu". A inteligência não é para o eu de nós mesmos. Temos a nossa própria maneira de enxergar as coisas... Pensamos pela nossa própria cabeça... Esse é o Eu de Nós mesmos, que a maioria das pessoas pensa ao contrário... Mas, ao olhar, à nossa volta, vemos pessoas, que não conseguem pensar com suas próprias cabeças, chegar a conclusões sobre os assuntos, precisando de um aval, de uma opinião de outro ou de outros, para, então, emitir a sua... Muitos, já desde bem cedo, nunca ninguém os obrigou a fazer o que não queriam. Sempre tiveram o seu querer próprio... Há pessoas, que chamam isso de egoísmo, mas, devemos chamar de gostar do Eu de Nós, em primeiro lugar... O Eu de Nós, não! Ele é mais forte do que nós mesmos... Muitas vezes, acabamos ficando com litros de amargor, acumulados em nossas veias, porque não falamos o que desejávamos ter falado... Desejamos, muitas vezes, ser de outro jeito. Pensar menos, ouvir mais, concordar mais e aceitar mais... Mas, aí, não seria o Eu de Nós. E nós não seríamos nós mesmos... Marilina.