Através da narrativa leve e sensível de Alicinha revelam-se casos, crônicas do cotidiano, conversas de criança, cenas engraçadas de família, anedotas, todas vivenciadas por ela, ou contadas, principalmente pela Comadre Cota e Zezeca, os dois homenageados pela autora. Com a máquina de costura emprestada de “Tunica”, uma das personagens do livro, a “costureira” Alicinha vai tecendo uma rede fantástica de histórias, algumas contadas por várias gerações, tiradas do baú de lembranças da “narradora-costureira”. Histórias orais, ao mesmo tempo reais e mágicas, agora transpostas para o papel, registradas de modo singular pelas mãos da artista. Neste registro da língua simples do povo da roça, quase um dialeto, reside, na minha opinião, o grande valor da obra. É uma linguagem quase extinta, a cultura de uma região, retratada pelo olhar atento de Alicinha, que gosta de “inventar” a partir da realidade, gosta de rir de si mesma, nomear coisas e pessoas, assim como vários de seus personagens. E nesta quase brincadeira de contar “causos, anedotas e outras lorotas”, surgem crenças, valores, emoções, sapiências e “ingnorânças”, tudo com muito sabor e vivacidade. O leitor, assim como eu, tenho certeza, vai se deliciar com a leitura!!
Mena Vilela
