Scortecci Editora - Poesia - 14 x 21 cm - 1ª edição - 2009 - 60 páginas

Filhos da Correnteza
Regina Gaiotto  

Em algum lugar as águas se unem e da sua força precipitam-se as torrentes. Lagos e oceanos, rios e nascentes, buritizais, chuvas e correntezas umedecem e fertilizam o chão onde nasce tudo o que necessita viver. Também o sagrado, o simbólico e os mitos; os poemas e seus personagens, sonhos e desejos, quem os segura, quem os detém? A poeta se esconde, mas precisa do mundo para mudar suas margens e alargar seus leitos, criar a dialética da travessia: movimento e repouso, vida e morte, curva e correnteza de rio onde navega seu barco de palavras e sentimentos represados. Torna a nascer e brinca com poemas como bandeiras coloridas no céu de Volpi/ para aquecer o inverno que lhe assusta no outono da vida. Para a poeta, só a arma da palavra lhe salva do ameaçador:

Poemas
sabres que me defendem
das cutiladas da vida. 

Em Filhos da Correnteza pintam-se os versos de arco-íris para que se unam a buritis generosos e estendam aos céus suas palmas abertas de esperança. Enraíza-se nas veredas do tempo a frágil semente da poesia. As lembranças da infância, a “argamassa” feita de sonhos e bênçãos, a  fé, o concreto... Filhos da Correnteza traz meninices e sóis, vidas e lidas, quietude e anseios, chão e céu... Mundos e tempos. Graciosidade, encantos... Nada escapa à poesia de Regina Gaiotto. Na doce fluência de seus versos, ela vai do pó da terra ao pó de estrelas com a simplicidade e a leveza com que as crianças sorriem, contudo, em seus poemas há profundidades a explorar...