Tragédia da Ilha da Cobras Ou
Libertas Quae Sera Tamen?
Amadeu Cirilo
Os trabalhos enfeixados neste livro são de autoria de quem outra coisa não visa senão transmitir suas emoções, através de forma simples e despretensiosa, porém sincera e cheia de amor. Admirador das églogas e das poesias pastorais dos chamados árcades mineiros, com Cláudio Manuel da Costa à frente, Amadeu Cirilo, retrocedendo no tempo, eis que se incorpora aos pastores, os quais, com suas flautas e seus cajados, apascentam gados e ovelhas nas bucólicas paisagens das alterosas. A exemplo do referido árcade de Cláudio Manuel da Costa – Glauceste Satúrnio – o autor canta o amor e as desditas de pastores e pastoras, que têm nomes cantantes como Nise, Eulina e Dircéia, este lembrando talvez o suave Dirceu de Marília, o imortal Tomás Antônio Gonzaga. Num clima de pura exaltação poética dos feitos da brava gente mineira, de suas paisagens maravilhosas, de seus prados, de suas montanhas, de suas riquezas minerais como o ouro e os diamantes e das esculturas do Aleijadinho, os poemas do autor se sucedem como num caleidoscópio, deixando transparecer toda uma gama de sensações amorosas e de sonhos irrealizados. Perpassa, ainda, em vários trabalhos de Amadeu Cirilo, um sopro de evocações bíblicas, já que o autor é conhecedor profundo e exegeta do Livro Sagrado. Flautas, cajados, gados, ovelhas e outras palavras pertencentes ao vocabulário da poesia pastoril ou arcádica ou, ainda, campesina ou bucólica, enxameiam as descrições feitas pelo autor, que é um eterno enamorado da simplicidade, da beleza e da ternura. Se outras qualidades não tivessem estes poemas, só o amor à sua terra natal e à sua gente justificaria a publicação deste livro.
ROQUE LUZZI
